Casamentos, ricos e pobres de espírito

Postado em 03/07/2015


Deprecated: Function utf8_decode() is deprecated in /home1/siste443/ade-sergipe.com.br/pages/single.php on line 18

“Um casamento para entrar para a história de São Paulo”. Assim foi a cerimônia que selou a união de Seripieri e Daniela Filomeno. Os convidados foram recepcionados no condomínio Quinta da Baroneza, em Bragança Paulista, São Paulo, decorado com flores brancas e vermelhas e velas suspensas que davam um toque romântico, como pedia o momento. (1) O menu foi assinado pelo tradicional Buffet França e os doces ficaram por conta de Isabella Suplicy. O vestido da noiva que seguiu a tradição do branco foi assinado por Emannuelle Junqueira. O noivo emocionou a todos com um declaração de amor à mulher. Logo depois, a surpresa: show de Roberto Carlos! Nem a noiva sabia. A festa para 600 convidados contou com a presença de políticos. Entre eles, Lula e Marisa, Fernando Haddad, Marta Suplicy e Marcio Toledo, Geraldo e Lu Alckmin. Seripieri já havia feito, anos atrás, outra festa “para entrar na história de São Paulo”. Era a festa de debutante da filha, no Jóquei Clube. Ocupou dois salões, além da varanda. A compra de duas garrafas do que estava sendo servido ali arruinaria a minha conta bancária. Havia uma penca de políticos presentes, entre petistas e tucanos. Em determinado momento, começou a ser projetado um clipe num telão. Era protagonizado pela aniversariante, que, com arroubos de cantora, havia ido algumas vezes a Los Angeles para gravar o vídeo com um dos melhores diretores de clipes dos Estados Unidos. O vídeo contava, inclusive, com dançarinos profissionais americanos. Jesus se hospedaria na casa de um homem rico? A família convida amigos dos filhos para passar fins de semana em Nova York, jato particular, todas as despesas pagas. O Antagonista, Mario, (1) teve a oportunidade de verificar de perto como um acrônimo gasta dinheiro. “Já pensou em ter um filho assim, com posses e poder?” (2) Riqueza e poder são concedidos à criatura para experimentá-la. Na verdade a prova é escolhida pelos próprios Espíritos na fase de planejamento da nova encarnação. Seria a riqueza uma prova mais terrível do que a miséria? As questões 814-816 de O Livro dos Espíritos elucidam isso. A riqueza incita a todos os excessos. Riqueza e poder fazem nascer paixões, que nos prendem à matéria e nos fazem retardar o estado de pureza. Difícil, por isso, “entrar um rico no reino dos céus”. Recordemos como Jesus chegou à casa do “muito rico” Zaqueu. O Nazareno, tendo entrado em Jerico, dirigiu-se ao coletor de impostos dizendo-lhe que se hospedaria em sua residência, o que Lhe rendeu críticas, porque iria alojar-se na casa de um homem de má vida. A riqueza é prova cheia de equações complicadas, uma vez que o rico torna-se com frequência um ser egoísta, orgulhoso, e insaciável (q. 815). Com a riqueza, suas necessidades aumentam e ele nunca julga possuir o bastante para si unicamente. No passado, o que aconteceu com Zaqueu, depois de ter hospedado Jesus? E, depois da crucificação? (3) No futuro, o que acontecerá com Seripieri “citado” na “Operação Acrônimo”? Zaqueu curou leprosos? Levantou paralíticos? Expulsou demônios? Ressuscitou mortos? Será que “não há nada” que relacione Seripieri aos, corruptos, fatos de hoje? (4) A relação entre corruptores e corruptos é complexa (5). Ambos se encontram no mesmo patamar. Suas posições são alternadas segundo as circunstâncias. O pagamento de propinas era prática corriqueira e nas repartições públicas se falava em “molhar a mão” do funcionário e tudo se resolveria mais rápido. Havia testemunha ocular do milagre, mas o santo era modesto. Esta prática, embora vista como prejudicial, é encontrada nas relações sócio-familiares. Pais “de tempo exíguo” oferecem, aos filhos, pequenas fortunas para compensarem suas ausências. Um jornalista de Belo Horizonte fez uma comovente Declaração de Alerta. No final de sua exposição afirma: “Eu trocaria - explodindo de felicidade - todas as linhas de declaração de bens por duas únicas que tive de retirar da relação de dependentes: os nomes de Luiz Otávio e Priscila. Luiz se drogou e morreu e Priscila fugiu um mês antes de completar 15 anos.” Os terapeutas criaram a CPI da família. Através dela é possível encontrar aquele filho desajustado, o menino problema, que grita e esperneia que faz de tudo para chamar a atenção, usa até drogas, mas só aumenta os pontos na carteira que o leva a ser o “bode expiatório” da família que seria “feliz” se não fosse ele. Parecendo concorrer ao Oscar os candidatos combatem o que é prejudicial ao desenvolvimento e tudo o que é inimigo das políticas públicas, incluindo a propina. Hoje estamos felizes porque, mobilizados contra a corrupção, conseguimos uma lei preventiva. Tudo foi possível porque a Iniciativa Popular de Lei, prevista na Constituição, foi assumida por deputados. O projeto “chegou pela mão de um milhão de brasileiros, apoiados por 60 entidades de peso”. Educar nossos jovens a abominar este flagelo que é a corrupção, de forma permanente irá assegurar às próximas gerações uma sociedade com justiça social. O combate à corrupção é fundamental porque ela favorece os que usam o governo para obterem vantagens para si próprios, aumentando cada vez mais a desigualdade e a injustiça que tanto caracterizam nossa sociedade. Políticos do futuro, líderes autênticos, serão “pobres de espírito”. A incredulidade zombou dessa máxima. Eruditos, doutores não entenderam a mensagem de Jesus, porque julgavam possuir muito saber e, por isso, alimentaram a falsa ideia de superioridade e infalibilidade.(5) A desigualdade das condições sociais não é lei da natureza e desaparecerá quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar. Neste momento, restará apenas a desigualdade do merecimento. Numa sociedade justa, a distribuição de bens estará na dependência dos princípios de justiça refletidos no sistema de direitos, leis, processos e posições que faz da sociedade uma entidade política funcional. A Teoria Tridimensional de Miguel Reale pressupõe que é impossível conceber as leis, independente dos acontecimentos sociais, dos costumes, da cultura, das necessidades da sociedade, do Fato Social, levando em consideração os seus valores. (6) O Direito não é um esboço lógico, uma mera abstração, devendo ser compreendido em seu aspecto prático, como elemento social, cotidianamente vivenciado na práxis e aplicado em prol do bem-estar do grupo social, de sua evolução, como uma resposta aos desafios do dia-a-dia. Como os acontecimentos sociais se sucedem de forma imprevisível, não é possível imaginar o direito como uma coisa estática, mas como o resultado de um movimento dialético, sendo escrito, diante dos acontecimentos que oscilam no tempo e no espaço. (6)

Nenhum comentário, seja o primeiro !

Deixe seu comentário